terça-feira, 14 de abril de 2009

A idade da razão II

era amor. agora era amor. mathieu pensou: "que foi que fiz?". cinco minutos antes aquele amor não existia; havia entre ambos um sentimento raro e precioso, sem nome, que não se exprimia por meio de gestos. e eis que ele fizera um gesto, o único que não devia fazer, aliás não o fizera propositadamente, aquilo viera sozinho. um gesto e aquele amor aparecera diante de mathieu como um objeto importante e já vulgar.

ela estava a seu lado, rígida e silenciosa e entre eles havia o gesto, "tenho horror a que me toquem", o gesto desajeitado e terno, que já comportava a impalpável obstinação das coisas passadas.

"ela está por conta, me despreza", não era o que eu queria dela, pensou com desespero. mas já não conseguia lembrar o que queria antes. era o amor, simplesmente, com seus desejos simples e suas condutas vulgares.